Escadas acessíveis: principais adaptações para melhorar a mobilidade | Universal Acessibilidade - Produtos de Acessibilidade

Em abril de 2024, a Universidade de São Paulo (USP) apresentou uma inovação notável no campo da acessibilidade: escadas acessíveis e sustentáveis, voltadas para pessoas com nanismo. O projeto, desenvolvido pela professora Katia Gandolpho Candioto, da Escola de Engenharia de Lorena, surgiu em uma disciplina universitária, mas rapidamente cresceu para algo muito maior – se tornando uma patente registrada pela instituição.

Quando falamos em acessibilidade, normalmente pensamos em rampas, elevadores e pisos táteis. No entanto, escadas acessíveis também são elementos fundamentais que nem sempre recebem a devida atenção. 

Para muitas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, subir e descer degraus pode ser um grande desafio. Mas, com as adaptações adequadas, é possível tornar esse percurso mais seguro e confortável.

Neste artigo, vamos explorar as principais adaptações para tornar uma escada acessível, seguindo as normas da NBR 9050. Também iremos mostrar como essas mudanças não apenas garantem segurança, mas também promovem autonomia para todos. 

Se você deseja criar espaços mais inclusivos, continue a leitura! 

Projeto de escadas acessíveis: pontos essenciais

Adaptar escadas para torná-las acessíveis exige planejamento e atenção aos detalhes. Os principais aspectos incluem:

1. Conforto e dimensões adequadas

Escadas acessíveis devem proporcionar um percurso seguro e cômodo, reduzindo os riscos de queda. Para isso, é essencial seguir os seguintes parâmetros:

  • Garantir um bom equilíbrio entre a altura do degrau e a profundidade do piso;
  • Considerar uma largura mínima de 1,20 metros, permitindo espaço suficiente para o fluxo de pessoas;
  • Construir o primeiro e o último degrau com pelo menos 30 cm de distância das áreas de circulação adjacentes;
  • Sempre que houver mudança de direção, deve haver um patamar intermediário para descanso e transições seguras.

2. Degraus seguros

Os critérios para degraus de escadas acessíveis incluem:

  • Evitar espelhos vazados: degraus com abertura na parte traseira podem prender os pés de pessoas com deficiência visual ou mobilidade reduzida. A norma NBR 9050/2015 proíbe esse tipo de degrau em rotas acessíveis;
  • Superfície antiderrapante: o material do piso deve prevenir escorregamentos, garantindo segurança mesmo em condições adversas, como chuva ou pisos molhados.

 

3. Corrimãos e apoios laterais

Os corrimãos são fundamentais para escadas acessíveis. Eles devem seguir as seguintes especificações:

  • Estar presentes em ambos os lados da escada;
  • Ter diâmetro entre 30 e 45 mm para boa empunhadura;
  • Ser instalados a uma altura entre 72 e 92 cm do piso;
  • Ser contínuos nos patamares e prolongados por pelo menos 30 cm após o último degrau, com acabamento recurvado para evitar acidentes;
  • Em escadas com mais de 2,40 metros de largura devem contar com corrimãos intermediários;
  • Manter uma distância mínima de 4 cm da parede no ambiente interno e 10 cm para os externos 

Para maior inclusão, recomenda-se a instalação de anéis de identificação tátil, que facilitam a percepção do início e fim da escada por pessoas com deficiência visual.


Para que serve o anel de corrimão tátil?

O anel de corrimão tátil ajuda pessoas com deficiência visual a perceberem, pelo toque, que estão se aproximando do primeiro ou do último degrau. Isso evita surpresas e reduz o risco de quedas. Ele também pode ser utilizado em patamares intermediários para indicar mudanças de direção.

A instalação deve ser feita da seguinte forma:

  • Deve ser colocado nos corrimãos em pontos estratégicos, especialmente antes do primeiro degrau e após o último degrau da escada;
  • O material deve ser resistente e de fácil identificação ao toque, garantindo que a pessoa perceba a textura diferenciada com facilidade;
  • A altura e o formato do anel devem seguir a norma NBR 9050, que trata da acessibilidade em edificações.

4. Guarda-corpo e proteção lateral

Para garantir segurança adicional, é necessário instalar guarda-corpos, respeitando a norma NBR 9077/2001. As regras para instalação dessas peças incluem:

  • Altura mínima de 1,05 metros;
  • Se tiver espaços vazados, devem ser dimensionados para impedir a passagem de uma esfera de 15 cm de diâmetro, prevenindo acidentes com crianças ou animais de estimação;
  • Evitar elementos horizontais ou espaçamentos que possam ser utilizados como apoio para escalada por crianças;
  • Resistência estrutural, pois materiais frágeis ou de baixa resistência podem ceder sob pressão, tornando-se um perigo em vez de uma proteção;
  • Em locais de grande circulação, como escolas e hospitais, recomenda-se a instalação de corrimãos duplos (um na altura padrão e outro mais baixo, entre 70 cm e 92 cm);
  • Se o guarda-corpo for de vidro, deve ser laminado ou temperado para evitar estilhaços em caso de quebra.

5. Sinalização adequada

Além das especificações anteriores, escadas acessíveis também devem contar com sinalização apropriada, garantindo segurança e orientação para todos os usuários:

  • Sinalização tátil no primeiro e no último degrau, permitindo a identificação do início e fim da escada por pessoas com deficiência visual;
  • Fita fotoluminescente nos degraus para garantir visibilidade em locais com pouca iluminação;
  • Placas em braile nos corrimãos para orientar sobre a direção da escada;
  • Avisos sonoros em locais públicos para pessoas com deficiência visual.

Benefícios das escadas acessíveis

Garantir que as escadas sejam acessíveis não é apenas uma exigência legal, mas uma forma de promover inclusão, segurança e dignidade para todos. Além disso, elas oferecem benefícios para todas as pessoas, como:

  • Mais autonomia: permite que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida possam se locomover sem dependência de terceiros;
  • Maior segurança: previne acidentes, como quedas e escorregamentos;
  • Inclusão social: amplia o acesso a espaços públicos e privados para todos os indivíduos;
  • Facilidade para diferentes usuários: escadas acessíveis também beneficiam idosos, gestantes, crianças e pessoas momentaneamente imobilizadas.

Soluções inovadoras em escadas acessíveis

Com o avanço da tecnologia e do design inclusivo, novas soluções vêm tornando as escadas acessíveis ainda mais seguras e funcionais para todos.

  • Escadas com plataforma elevatória: permitem que cadeirantes ou pessoas com dificuldades de locomoção subam e desçam sem necessidade de elevador;
  • Escadas rolantes com adaptação para cadeirantes: algumas cidades já possuem essa solução inovadora;
  • Escadas retráteis com rampas integradas: oferecem acessibilidade sem comprometer o design do ambiente.

O desafio da implementação e como superá-lo

Apesar de essenciais, as adaptações em escadas acessíveis enfrentam desafios como custos elevados e espaços reduzidos. Algumas estratégias para superar esses desafios incluem:

  • Planejamento integrado desde a construção para evitar custos extras;
  • Uso de materiais sustentáveis e acessíveis economicamente;
  • Parcerias entre governos e empresas privadas para financiamento de obras de acessibilidade;
  • Conscientização sobre os benefícios da acessibilidade para toda a sociedade.

Os perigos da falta de acessibilidade em escadas

Pense na seguinte situação: você está em um shopping e percebe que o único elevador está longe ou lotado. Você usaria a escada rolante sem pensar duas vezes, certo? Mas, e se estivesse em uma cadeira de rodas? 

Em 2016, no Rio de Janeiro, uma mulher de 62 anos, cadeirante, se viu nessa posição e tentou descer pela escada rolante do Parque Shopping Sulacap.  Ela acabou caindo, sofreu uma contusão grave e por pouco não perdeu a vida.  

Esse caso mostra algo importante: a falta de acessibilidade não é só um incômodo, é um risco real. E não afeta apenas cadeirantes. Idosos, gestantes, pessoas com dificuldades temporárias (como alguém com a perna quebrada) e até crianças pequenas podem sofrer acidentes em escadas mal projetadas.

O risco de quedas aumenta muito quando um espaço não oferece:

  • Corrimãos firmes e em altura adequada;
  • Sinalização tátil para pessoas com deficiência visual;
  • Degraus seguros, sem irregularidades ou superfícies escorregadias;
  • Rampas e/ou elevadores acessíveis;
  • Iluminação adequada;
  • Degraus com largura e altura padronizadas.

E além das lesões físicas, há um impacto invisível, mas igualmente grave: a perda de autonomia. Muitas pessoas simplesmente deixam de frequentar certos lugares porque sabem que não conseguirão acessá-los com segurança. Isso limita oportunidades de trabalho, estudo, lazer e convívio social.

Considerações finais

Acessibilidade é um direito, e tornar as escadas mais seguras e acessíveis é uma obrigação social. Investir em adaptações adequadas não apenas facilita a vida de milhares de pessoas, mas também promove uma sociedade mais justa e inclusiva.

Ao planejar ou reformar um espaço, considere a acessibilidade das escadas. Pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença na vida de muitas pessoas!

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